Se a história em si já é trágica e horrível, espanta mais ainda que tenha ocorrido em 1955. Afinal, imagine o tamanho desse acidente para que quase 70 anos depois ele continue insuperável.
Mas é isso mesmo, em 11 de junho de 1955 um carro bateu em alta velocidade e se despedaçou completamente. Foi durante a 23ª edição da famosa prova 24 Horas de Le Mans. O piloto morreu na hora e os destroços voaram sobre a arquibancada, matando dezenas. Entenda melhor abaixo!
Os números e as consequências
Todo mundo que ama corridas sabe que as 24 Horas de Le Mans são a prova mais famosa do automobilismo mundial. Mas nem todos se lembram do nome de Pierre Levegh, que à altura dirigia uma Mercedes 300 SLR.
Após a explosão e os destroços voarem sobre os espectadores, incríveis 83 pessoas morreram, a começar pelo piloto. Sem falar em outras 120 pessoas que ficaram gravemente feridas e em todo o trauma causado aos sobreviventes.
Havia cerca de 25 médicos a postos, conforme diretrizes da organização. No entanto, soube-se que eles não tinham formação compatível com esse tipo de demanda, o que reduziu bastante a eficácia de seus esforços.
Tudo bem que na época os muros eram baixos e os próprios boxes ficavam na pista de rolagem, e não isolados. Além disso, os carros superavam os 300 km/h. Mas ainda assim os números assustam, tanto que na época a repercussão foi enorme.
Entre as consequências teve a proibição do automobilismo competitivo em alguns países. Além de que a Mercedes-Benz também abandonou a competição por um tempo.
Como exatamente se deu o acidente?
As favoritas daquele ano eram a Mercedes e a Jaguar. A primeira tinha na pista Levegh, piloto que sofreu o acidente, e ninguém menos que o lendário Juan Manuel Fangio. A Jaguar, por sua vez, tinha Mike Hawthorn.
Foi justamente ele quem iniciou tudo, aparentemente. Ao decidir cruzar a via para poder parar e abastecer. O detalhe é que o freio da Jaguar já era a disco, e o da Mercedes e das demais ainda eram a tambor.
Não podendo frear, o francês Levegh, que tinha 49 anos de idade, tentou desviar e acabou decolando. Antes de atingir o muro, ele colidiu com a traseira de um Austin-Healey, pilotado por Lance Macklin.
Aí que, após se despedaçar no muro, o eixo e o motor da Mercedes continuaram em movimento, na direção da arquibancada. Sem entrar em detalhes desnecessários, conta-se que muitas pessoas foram desmembradas ou mesmo decepadas.
Para piorar, a Mercedes usava componentes de magnésio no motor. Tragicamente, isso favoreceu o incêndio que se espalhou por toda parte.
Podemos dizer que há um culpado?
Consta que Mike Hawthorn, piloto da Jaguar, sentia-se culpado pelo acidente. Mas não houve nenhum veredito sobre a situação. Outros consideravam que foi o carro de Macklin que se colocou no caminho da Mercedes de Levegh.
Aliás, até o próprio Levegh foi culpado, já que tinha uma idade considerada elevada para a direção de um carro tão rápido. O que teria impedido que ele evitasse o choque. Como ele estava morto, não teve chances de se defender.
Mas também está registrado que Fangio defendeu a memória de Levegh. Ele disse que, antes do acidente e do choque mortal, o francês simplesmente fez um sinal para ele. O que sugere que o corredor, na verdade, deve ter tentado desviar ou reduzir a velocidade, sem sucesso.