Alguns dizem que o engate é simplesmente “proibido”. Isso não é verdade, naturalmente. Outras dúvidas semelhantes também se espalham. Por exemplo, a do engate para amortecer batidas. Afinal, é verdade ou puro mito? Entenda melhor abaixo!
Sobre a proibição do engate, esse é um ponto que se desdobra em dois: a questão técnica e a legal. Se tiver interesse em entender esse ponto melhor também, saiba que já falamos dele. Foi aqui: engate proibido, 5 carros que não podem rebocar.
Engate para reboque: legislação
O engate para reboque, também conhecido como “engate bola” aqui no Brasil, é um item bem conhecido. O que precisa ficar claro, de cara, é sua função técnica, que é muito clara e específica. Naturalmente, seu papel é permitir ou promover o reboque.
Esse reboque pode ser de outros veículos, de carretinhas ou de trailers e afins. Em função disso, existe toda uma regulamentação em termos de produção e instalação do item. Inclusive, a Resolução nº 197 do CONTRAN, de 25/07/2006, vai nessa linha.
Ela prevê que carros abaixo de 3.500kg de PBT (Peso Bruto Total) precisam da permissão de instalação de reboque. Isso ocorre por meio do Manual do Proprietário do veículo. Do contrário, não há tração suficiente e o item permanece proibido.
Além disso, os carros que saem sem o item de fábrica, só podem instalar os homologados. Ou seja, aqueles aprovados pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial). Esse também é um ponto importante, que muitos esquecem.
Engate para reboque: usos indevidos
Aí é que vem o ponto. Alguns vão dizer “Tudo bem, mas eu vou instalar e não vou rebocar nada”. Ou seja, seria apenas para “defender o carro” contra batidas. Contudo, muitos especialistas dizem que isso pode gerar o efeito contrário.
A razão é bem simples. É que o para-choque do carro é que tem essa função. De modo que instalar outro item para isso é algo que mexe com a dinâmica do veículo. Por exemplo, a fixação do reboque é algo que pode transmitir o peso de uma batida para o assoalho.
Mas e os carros que instalam segundo a lei, não correm os mesmos riscos? Na verdade, não, pois neste caso o item é fixado em partes projetadas para isso, na carroceria. Os projetos originais também consideram outros fatores, tais como:
- Capacidade de carga;
- As devidas dimensões;
- Sistema de freio da carreta.
- Sistemas elétricos-eletrônicos;
- A confecção do monobloco;
- Sistemas de engate.
Sem falar na garantia de fábrica. Aliás, no caso de instalação indevida, você perde não apenas a garantia do reboque. A própria garantia do carro pode ser comprometida parcial ou integralmente.
A própria lei permite isso, já que, tecnicamente, você “mexeu indevidamente na estrutura do veículo”. Além disso, também não é raro surgir um problema posterior com o próprio seguro. Então, imagine a dor de cabeça que você teria nesses casos.
Engate para reboque: ponderações
Como vimos, há casos em que o item é, pura e simplesmente, proibido. Nesses casos, não há o que discutir. Contudo, em outros casos, há quem defenda o uso do item mesmo que não seja para reboque.
Ou seja, caso seu carro permita a aplicação, mas você nunca queira rebocar, deve ou não instalar? Alguns dirão que sim, por várias razões. Primeiro que, neste caso, segundo a fabricante os acidentes já não causarão danos paralelos, não é mesmo?
Segundo que, mesmo que houvesse esse risco, alguns defendem uma questão estatística. Afinal, quantas vezes alguém sofre acidentes graves na parte traseira do carro? Bem menos do que “batidas de leve”, sendo que contra essas o reboque pode ser bem eficiente.
Além disso, em alguns casos a instalação do reboque pode ser feita com fixação que leva isso em conta. Nesses casos, trata-se de fixação por meio de parafusos, sendo que em caso de impacto eles rompem, em vez de “transferirem o impacto”.