O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá tentar fechar pessoalmente com a fabricante de carros elétricos chinesa BYD os detalhes finais da compra do antigo complexo fabril da Ford de Camaçari. O presidente irá à China no fim de março, e um dos encontros da agenda será com executivos da empresa estatal chinesa.
Segundo informações do jornal O Globo, Lula deve defender que o complexo acompanha não apenas a enorme fábrica de automóveis, mas também um grande parque industrial vizinho, com fornecedores de peças e insumos para a linha de montagem, como baterias e pneus também podem voltar o polo industrial.
A BYD se comprometeu a investir R$ 3 bilhões no complexo de Camaçari, caso as negociações tenham o desfecho esperado. O Governo Federal tem como um dos compromissos promover a reindustrialização da economia brasileira, e reverter o fechamento dos postos de trabalho causado pela saída da Ford da região em 2021.
De acordo com sindicato local, a administração federal anterior não mostrava interesse com o retorno das atividades industriais na região.
As conversas entre a BYD e o governo da Bahia já começaram há algum tempo, mas vinham estagnadas. Agora, com as mudanças em Brasília, poderão sair do papel. Também segundo O Globo, a BYD pode começar a trabalhar em Camaçari já em 2024.
Fabricação cara
No entanto, o complexo baiano é enorme, capaz de produzir 250 mil veículos por ano. Mesmo se a BYD assuma o comando, a fábrica começará a produzir bem menos veículos do que a capacidade instalada e dependerá fortemente de benefícios fiscais para que a conta feche para a estatal chinesa.
Isso porque a BYD pretende fabricar modelos elétricos em Camaçari, cujo preço ainda é alto para o consumidor médio brasileiro. Por aqui, um modelo 100% elétrico custa pelo menos R$ 150 mil, caso dos Renault Kwid E-Tech, Caoa Chery iCar e JAC E-JS1.
Então, além dos custos altos com a instalação da linha de montagem, o volume de produção e vendas não serão também muito altos para pagar por toda a empreitada.