A União Europeia e a Alemanha chegaram num acordo sobre a permissão da venda de carros novos com motor a combustão após 2035. Agora, a responsabilidade está nas mãos das distribuidoras de combustíveis europeias, já que a permissão para a fabricação e venda de carros com motores depois de 2035 a combustão está atrelada ao uso de combustíveis sintéticos.
A frente liderada pela Alemanha e formada por países como Itália, Eslováquia, Polônia, Romênia e Hungria, pedia o alongamento do prazo para a proibição das vendas. A União Europeia já havia decidido que a partir de 2035, somente carros elétricos poderiam ser vendidos no continente.
Os países procuraram uma alternativa à regulamentação categórica para tentar atenuar os efeitos em suas indústrias locais. Todos os países possuem forte indústria automotiva, com fábricas de Volkswagen e Stellantis em sua maioria.
No entanto, a concessão para o uso combustíveis sintéticos como paliativo pode servir apenas para acalmar os ânimos a curto prazo. O desenvolvimento do chamado “e-fuel” ainda está engatinhando, com maior investimento da Porsche.
A marca alemã está construindo uma fábrica de gasolina sintética no Chile, onde diz ser capaz de produzir até 130 mil litros por ano. O projeto da Porsche é beirar os 550 milhões de litros por ano.
Combustível sintético
No entanto, para ser sustentável, o combustível sintético precisa ser produzido a partir de uma fonte renovável de hidrogênio e captura de dióxido de carbono do ar atmosférico. A produção requer energia elétrica, que também precisa vir de uma fonte renovável, como uma hidroelétrica.
Se uma fábrica de e-fuel usar uma usina nuclear, ou uma termoelétrica como fonte de energia, a conta de eficiência energética já não fechará.
Isso porque a gasolina sintética tem as mesmas propriedades da gasolina comum quando queimada. Ou seja, um carro abastecido com e-fuel emite os mesmos gases nocivos ao meio ambiente do que com gasolina comum.
Além disso, os 550 milhões de litros que a Porsche sozinha pode produzir por ano são apenas uma fração do que os 510 bilhões de litros que apenas os Estados Unidos consumiram em 2021, por exemplo.
Para completar, a Comissão Europeia também exigiu que esses carros movidos a e-fuel produzidos a partir de 2035 tenham um sistema capaz de detectar se estão abastecidos com combustível comum ou sintético, para que funcionem apenas com o segundo. Essa tecnologia sequer existe.
Portanto, o caso ainda está longe de uma solução final e até 2035 a tecnologia precisará avançar rapidamente para atender às novas regulamentações de emissões e fabricantes e países terão que se adaptar às exigências da forma como conseguirem.