Quando um motorista para no posto de combustíveis para abastecer o carro, é comum o frentista perguntar se deseja dar uma “olhadinha” na água ou no óleo do motor. Dizer sim a esta pergunta, hábito remanescente ainda dos anos 80 e 90, pode trazer consequências graves e principalmente, desnecessárias ao motor do carro.
O ideal é deixar para fazer estas checagens periodicamente na oficina e usar o posto apenas para abastecer e colocar água no reservatório do lavador do para-brisa.
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Isso porque quando o motorista para o carro no posto, o motor ainda está quente, condição nada ideal para verificação de nenhum fluido, seja de arrefecimento, seja de lubrificação.
Sistema de arrefecimento
A “água do motor”, como coloquialmente é chamado o líquido de arrefecimento, estará sob pressão e circulando entre motor e radiador, fazendo justamente seu trabalho, de resfriar as partes quentes do propulsor. O reservatório de expansão muito provavelmente estará vazio, dando a impressão de que o carro está “sem água”.
Ao abrir o reservatório com o motor ainda quente, há risco da água em temperatura elevada jorrar pelo cofre do motor, atingindo quem estiver por perto. Além disso, causará despressurização do sistema, que aí sim necessitará de mais água. Mas não basta simplesmente adicionar água da torneira.
O líquido de arrefecimento é composto por água desmineralizada e aditivo específico. A quantidade de líquido e a proporção do aditivo e será necessário drenar todo o líquido antigo para substitui-lo por completo, apenas pelo descuido do frentista de ter aberto inadvertidamente o reservatório com o motor ainda quente.
Encher o carro com líquido de arrefecimento demais só irá causar superaquecimento (“ferver”) e rompimento de mangueiras em curto prazo, causando um defeito que não existia até então.
Óleo lubrificante
Quando o assunto é óleo, o risco é ainda maior. Quando se acaba de chegar no posto e o motor é desligado, o óleo ainda está lubrificando as partes móveis do propulsor, e demorará alguns minutos a chegar ao cárter, reservatório na parte inferior do motor.
Portanto, se o frentista retirar a vareta de medição do nível do óleo logo que o motor for desligado, é bem provável que indique baixo nível de óleo, por conta destas particularidades do funcionamento de um motor a combustão.
Com isso, o melhor é não aceitar de imediato ofertas de litros de óleo “para completar”. O ideal é aguardar de 20 a 30 minutos para medir com mais precisão o nível de óleo, ou medi-lo antes de sair da garagem, antes mesmo da primeira partida.
Se o óleo estiver abaixo do nível mínimo, convém repor o necessário, com lubrificante de mesma especificação recomendada pelo fabricante e procurar logo um mecânico. Pode ser sinal de vazamento ou algum problema mais sério com o propulsor, algo que também não será visto ou sanado no posto de combustíveis.
O risco de “completar o óleo” no posto é “afogar” o motor com excesso de lubrificante, causando borra, superaquecimento e até falha catastrófica do motor, com quebra de componentes internos e necessidade de substituição completa do motor.
Hábito das antigas
O hábito antigo dos frentistas de perguntarem se o motorista quer uma verificação no motor vem da época em que os motores realmente pediam um olhar mais atento no dia a dia. Os motores consumiam bem mais óleo e realmente pediam litros de óleo até a cada 1.000 km, previstos nos manuais de manutenção, e era dever do proprietário manter tudo em ordem.
O mesmo servia para o líquido de arrefecimento, que era colocado diretamente no radiador, e evaporava gradualmente a cada ciclo de aquecimento e esfriamento do propulsor. Aliás, os propulsores de antigamente trabalhavam em temperaturas mais baixas do que os atuais, muitas vezes abaixo dos 100°C, nem chegando a “ferver” e sequer requerendo aditivos.
Em motores modernos, e nisso se incluem todos os motores de carros 0km atuais, desde os mais baratos, é necessária pouca manutenção fora das revisões, salvo alguma irregularidade notável ao longo do caminho. Ainda assim, o melhor ainda é procurar uma autorizada ou oficina especializada para resolver o problema.
Os postos vendem óleo lubrificante, baterias, aditivos de combustível, de radiador, extintores, que podem salvar em situações de emergência, mas se não há nada de errado ocorrendo com seu carro, deixe as verificações para a hora da revisão e apenas abasteça no posto.