A Volkswagen terá que comparecer a um tribunal em Brasília no próximo dia 14 de junho para responder acusações de ter usado de “práticas análogas à escravidão” e de “tráfico de pessoas” durante o período da ditadura militar. A convocação foi feita pelo Ministério Público do Trabalho.
As ações teriam ocorrido na Fazenda Rio Cristalino, também conhecida como Fazenda Volkswagen, entre 1974 e 1986. A fazenda fica em Santana do Araguaia, no Pará.
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Entre as violações, estiveram falta de tratamento médico em casos de malária, alojamentos insalubres sem água potável e cárcere privado dos trabalhadores. Há denúncias de agressões e torturas sofridas pelos trabalhadores da fazenda.
O Ministério Público alega que vegetação nativa da fazenda foi transformada em pasto por meio de queimadas e desmatamentos. Estes foram feitos por lavradores recrutados em povoados da região.
As denúncias de abusos se referem a estes lavradores, que não possuíam qualquer registro de trabalho. Eles vinham do Mato Grosso, Maranhão, Goiás e da área que hoje compõe o estado do Tocantins, que não existia na época.
Cerca de 300 trabalhadores eram registrados na fazenda para funções administrativas. O número exato de roceiros não registrado é desconhecido.
O motivo exato da existência da fazenda no contexto da produção de automóveis não é esclarecido no processo.
Segundo o jornal alemão Sueddeutsche Zeitung, a Volkswagen foi notificada no último dia 19 de maio. A marca afirma estar levando a questão bastante a sério e evita comentar sobre o assunto alegando segredo de justiça.
Dedo duro
Recentemente, a VW foi condenada a pagar R$ 36 milhões em indenizações a ex-funcionários e familiares por outras acusações de violações também durante a ditadura.
Foi constatado que a marca entregava membros de partidos de esquerda e sindicalistas para a ditadura.
Com isso, esses líderes acabavam sendo presos, torturados e até assassinados pelo regime após a denúncia da fábrica.