Há um tempo vimos um cenário parecido aqui no Brasil, tentando proibir os carros a combustão até 2040 (pelo PL 3368/20), o que parece improvável. Na União Europeia, no entanto, parecia haver um consenso maior, até que a Alemanha recuou na ideia.
A proposta de descarbonização europeia, parte do pacote Fit for 55′, propõe a redução de 55% de gases poluentes automotivos até 2030, e 100% até 2035. Com isso, sairiam de circulação carros de passeio e veículos comerciais leves que não fossem elétricos.
O pronunciamento contrário foi feito por Christian Lindner, ministro das finanças alemão. Além de condenar o projeto do Conselho Europeu, ele manifestou seu apoio ao desenvolvimento crescente de combustíveis sintéticos.
Alguns estudos recentes já apontaram que essa alternativa seria tão poluente quanto o uso de combustíveis fósseis comuns. Ainda assim, Lindner diz que a proibição total de veículos a combustão vai contra o mercado, a tecnologia e os cidadãos.
Apesar de argumentar a favor de alternativas sintéticas, o ministro garantiu que a Alemanha vai continuar apostando em todos os esforços possíveis para liderar o mercado de veículos elétricos.
Quem concorda e quem discorda?
Vale notar que Lindner não fala pela nação inteira. Steffi Lemke, ministra do Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha, rejeitou as declarações do ministro das finanças.
Filiada ao partido alemão “Aliança 90/Os Verdes”, Lemke é engenheira agrícola e afirmou que a Alemanha deve continuar aprovando a proibição proposta pelo pacote Fit for 55′, como já havia sido sinalizado antes.
As próximas etapas do processo seguem entre a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu e o próprio Conselho da União Europeia, que ainda não se manifestou sobre a posição de Christian Lindner.
Vale notar que Helder Barata Pedro, diretor-geral da ACAP (Associação Automóvel de Portugal) decidiu subscrever a posição do ministro alemão. Indo igualmente contra a proibição, ele defendeu que somente em 2028 a discussão deveria ser retomada.