A bateria automotiva foi um dos grandes avanços da indústria automobilística, mas muitos ainda não dominam os detalhes do seu funcionamento. No fundo, ela é o coração da parte elétrica do carro, sem ela várias funções atuais desapareceriam.
A começar pela própria partida do automóvel, cuja ignição depende de uma descarga elétrica antes de tudo. Depois, toda a parte de iluminação interna e externa, bem como o sistema eletrônico em geral, que é cada dia maior nos automóveis novos.
No fundo, a bateria parece não exigir tanta atenção quanto a parte mecânica, mas isso não quer dizer que o condutor possa ser negligente. Pelo contrário, há vários cuidados que podemos tomar para manter seu funcionamento e uma maior durabilidade.
Por outro lado, também há muitos mitos a esse respeito. Então, para dar as dicas certas e desfazer vários erros, nós conversamos com um especialista na área, o engenheiro Ricardo Takahira, da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE BRASIL.
O que é a bateria do carro?
Também chamada de bateria de chumbo-ácido, esse dispositivo é constituído de dois eletrodos que vão mergulhados, dentro da malha de liga de chumbo-antimônio, em nada menos que uma solução de ácido sulfúrico.
Além dessa solução em ácido, os dois eletrodos são de chumbo, um esponjoso e outro de dióxido de chumbo em pó. Daí o nome técnico “bateria de chumbo-ácido”, apesar das evoluções que esse dispositivo apresentou ao longo dos anos.
“Assim como os carros já estão se tornando elétricos, a bateria de chumbo-ácido também teve uma evolução nos últimos anos”, diz Takahira.
“Hoje estamos na geração das baterias AGM – Absorbent Glass Mat (“Manta de Fibra de Vidro Absorvente”) -, que já não exigem aquela manutenção desgastante de manter o nível de eletrólitos, que era a água destilada”, complementa.
De fato, essas novas baterias são seladas e dispensam esse tipo de cuidado por parte do condutor.
Assim, a tecnologia impede o deslocamento da substância ou mesmo vazamentos. Por isso mesmo, ela resiste melhor às vibrações, podendo ser instalada em qualquer posição. Além de quase sempre contar com garantia mais longa por parte da fábrica.
Quais cuidados devo tomar?
Infelizmente, podemos dizer que a bateria é daqueles dispositivos que só lembramos que existem quando dão algum problema. A começar pelo fato de que sua expectativa de vida útil é, segundo a maioria das fabricantes, de 2 a 5 anos.
Contudo, não é difícil perceber que guiar-se apenas por esse número não é algo exatamente seguro, já que o arco de tempo é muito grande e vago. Daí que seja possível e até mesmo necessário seguir outros indícios.
Para começar, é preciso entender que a culpa não é da fabricante. A durabilidade pode variar muito mesmo, conforme o tipo de uso que você faça e dependendo da quantidade de eletroeletrônicos instalados, como veremos abaixo.
Atenção à voltagem da bateria
“Mesmo com os avanços tecnológicos, há sim regras de uso. Por exemplo, deixar o carro muito tempo parado é algo que ainda arruina a bateria”, explica Takahira. Além disso, sua voltagem continua sendo um fator de uso determinante.
“Embora nominalmente essas baterias novas tenham 12V, elas podem chegar até 14,7V, quando bem carregadas. Ademais, a parte que consome mais energia é o motor de partida, por isso se baixar de 9V, geralmente nenhum carro dará partida, por mais moderno que ele seja”, diz Takahira.
Também é aí que entra a famosa “chupeta”, que consiste em pegar uma bateria carregada e colocar em paralelo para revitalizar a primeira. Mas esse procedimento emergencial quase sempre poderia ter sido evitado.
O conteúdo de eletrônica do carro
“Basta lembrarmos que, quanto maior o conteúdo de eletrônica, melhor tem que ser a bateria. Especialmente hoje em dia em que os carros contam com tantos microchips e módulos eletrônicos, sobretudo os carros de luxo”, lembra Takahira.
Isso quer dizer que todo carro é projetado para um tipo de consumo e de conteúdo eletrônico específico, tal como o disjuntor de uma casa, que se apresentar uma demanda maior acabará desarmando, até por questão de segurança.
“Se você vai aumentar muito o conteúdo eletrônico do carro, precisa trocar por uma bateria de amperagem maior. Ou mesmo aplicar uma segunda bateria em paralelo”, complementa Takahira, mencionando um exemplo bastante ilustrativo.
“Um caso clássico é o dos carros do Google Earth, com aquelas câmeras altamente tecnológicas. No começo, esses veículos saiam fotografando e, quando paravam no semáforo, o carro morria”, conta.
Isso indica que o consumo era maior do que o da engenharia do carro, que foi dimensionado para outro tipo de uso. Portanto, ainda cabe aos condutores prestar atenção em todos esses fatores e sempre que preciso visitar um profissional.
Verifique sempre o ‘olho mágico’
“Antes você fazia a manutenção com água destilada. Hoje só o que cabe ao condutor é verificar o famoso ‘olho mágico’, que precisa estar verde em vez de vermelho. Fisicamente essa é a inspeção que existe atualmente, para saber se está ou não na hora de você pensar em trocar de bateria”, aprofunda Takahira.
Mas a necessidade de calcular o consumo é a mesma, assim como os sinais de fim de vida, que podem incluir falhas de funcionamento nos eletrônicos do automóvel, como som, luzes e afins.
Ou mesmo a famosa dificuldade em dar partida. Por exemplo, se ela ocorre na mesma época em que no ano passado o carro não dava trabalho, já pode ser um forte indício de que a bateria não vai bem.
Outras dicas fundamentais
Um costume muito comum no universo elétrico dos carros é tentar recuperar uma bateria, em vez de descartá-la quando ela apresenta mau funcionamento ou para de funcionar.
Entre os extremos de dizer que isso nunca deve ser feito e o de que sempre pode ser feito, é possível encontrar um meio termo.
Posso recuperar a bateria?
“Se você vai na auto elétrica de bairro com a bateria arruinada, tem a opção de ‘dar uma carga’ ou ‘recuperar a bateria’. Geralmente, eles dão a opção de carga lenta ou carga rápida. Vale lembrar que essa é uma medida paliativa, mas, se for fazer, o mais indicado é a carga lenta”, explica Takahira.
Geralmente, chegamos a esse ponto quando já nem a “chupeta” pode ajudar. Isso deixa claro que o funcionamento da bateria não é só uma questão de performance e de retenção de carga, mas também de tempo de vida útil.
Contudo, um profissional sério pode verificar níveis mais sutis sobre a situação. “Morreu de fato, está em meia-vida (ou seja, dá para recuperar) ou ainda está boa, foi só um susto.
São os três graus que um bom eletricista pode identificar, pois ele é capaz de medir a situação por meio da resistência interna do produto”, inclui Takahira.
Os motivos para a carga lenta são igualmente técnicos e também exigem, caso a bateria já esteja fora da garantia, que você recorra a um profissional de confiança.
“Uma reação química muito acelerada (a carga rápida) pode danificar vários elementos constitutivos da bateria, como ao causar ‘microcurtos’ internos, que fazem com que ela se arruine de vez”, complementa Takahira.
“Sendo que a carga lenta realmente pode assegurar uma reconstituição dos eletrodos”, finaliza.
Quanto tempo o carro pode ficar parado?
Aqui estamos diante do famoso “teste do aeroporto”, que consiste em saber quanto tempo cada veículo aguenta ficar parado sem comprometer a bateria e a ignição.
Na verdade, não há uma ciência exata aqui, justamente pelos fatores detalhados acima, que variam conforme o carro, as condições de uso (inclusive climáticas), o conteúdo eletrônico e daí em diante.
“Quando você desliga a televisão, por exemplo, você não desligou tudo, fica um led vermelho aceso. No carro é a mesma coisa, mesmo com ele desligado, existe uma corrente lá dentro que está consumindo algo, nem que seja apenas a corrente do alarme”, detalha Takahira.
Lembrando que no caso dos carros modernos ou de luxo, esse consumo é bem maior. Por exemplo, no caso daqueles que contam com controle remoto da chave de partida, com dispositivos de destravamento das portas e similares, que são funcionalidades que nunca podem ser 100% desligadas.
“Tanto que as montadoras, quando vão exportar o carro, desligam o cabo do polo positivo da bateria. Ou instalam a bateria só no porto de desembarque, para o veículo poder sair circulando”, complementa Takahira.
Ou seja, se as montadoras colocassem o carro completo no navio, ele poderia ficar muito tempo parado e isso acabaria comprometendo a bateria.
“Nos carros de luxo, esse recurso manual de desligar o polo positivo para fazer a exportação é algo que já está sendo integrado como mecanismo inteligente do veículo”, diz Takahira.
“Com os anos, isso deve aumentar o arco de tempo que o carro poderá ficar parado. Na prática, podemos afirmar que no mínimo dois meses ele deveria poder ficar, sem a necessidade de termos de recorrer a qualquer artifício para ele voltar a funcionar”, finaliza.
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