A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (13/3) o Projeto de Lei 4516/2023, que propõe uma significativa alteração na composição dos combustíveis utilizados no Brasil. O texto, que agora segue para apreciação no Senado, prevê a adição de até 35% de etanol na gasolina, além de medidas relacionadas a outros combustíveis, como o aumento do biodiesel no diesel e a regulamentação de fontes energéticas emergentes.
Veja ofertas de carros usados certificados na Karvi!A iniciativa, conhecida como “combustíveis do futuro”, busca não apenas promover uma redução nas emissões de carbono, mas também diversificar e expandir as opções de combustíveis renováveis no mercado nacional. No entanto, a aprovação do projeto ocorreu sem um parecer técnico favorável por parte do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), levantando preocupações quanto à sua eficácia e potenciais impactos ambientais.
Um dos pontos mais debatidos durante a votação foi a possibilidade de empresas utilizarem o mercado de captura e estocagem de carbono como uma forma de continuar poluindo, o que levou a uma tentativa de emenda por parte de parlamentares do PSOL para remover esse trecho do texto. No entanto, todas as propostas de alteração foram rejeitadas no plenário.
A nova legislação estabelece metas de aumento na mistura de etanol na gasolina, passando dos atuais 27,5% para até 35%. Da mesma forma, o biodiesel terá sua proporção no diesel gradualmente aumentada, atingindo 20% até março de 2030. Contudo, o CNPE terá a prerrogativa de ajustar essas metas conforme a viabilidade técnica e econômica, podendo reduzir ou aumentar a mistura em até 2 pontos percentuais.
Apesar das potenciais vantagens ambientais, a medida levanta preocupações, especialmente para proprietários de veículos mais antigos ou que dependem exclusivamente de gasolina. A introdução de uma maior porcentagem de etanol no combustível pode impactar negativamente o desempenho e o consumo desses automóveis.
Outro ponto relevante é a sazonalidade do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, que pode resultar em variações de preço e disponibilidade ao longo do ano. Desde a adoção do etanol como combustível, o Brasil ainda não implementou medidas de estoque regulador para mitigar crises de abastecimento, o que pode representar um desafio em momentos de escassez.