Após o colapso gerado pela pandemia da Covid-19 no mercado automotivo, os especialistas acreditaram em uma melhora. No entanto, em seguida, ocorreu a guerra entre Rússia e Ucrânia. Com mais esse desafio, a Anfavea, associação que representa as fabricantes de veículos no Brasil, apontou as principais preocupações.
O ex-presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, destacou que o primeiro ponto é e relação ao humanitário. “Mais do que a questão comercial, estamos preocupados com o aspecto humanitário, levando em conta que já são mais 1,5 milhão pessoas refugiadas”, diz.
Com relação aos negócios, mencionou que estava cedo demais para fazer estimativas e projeções. “Esperar um pouco mais para entender a dimensão e extensão da crise”, mencionou. Mencionou que as montadoras instaladas no Brasil, estão fazendo acompanhamento dos fornecedores para mapear os impactos.
As quatro principais preocupações sobre o impacto que pode causar, são as seguintes.
Valorização das commodities – Território da Rússia e Ucrânia possuem concentrações de materiais
Segundo o executivo, a região da Rússia e da Ucrânia concentra grande oferta de itens ligados ao setor automotivo, como petróleo, gás natural, aço e alumínio. Com o conflito, a oferta global desses itens vem caindo, causando uma escalada dos preços.
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Escassez de semicondutores
A falta de chips eletrônicos para equipar veículos pode voltar a se agravar com o conflito. A escassez de componentes foi intensa em 2021 e estava melhorando. Porém, a guerra pode reverter essa tendência.
Riscos logísticos de exportação de produtos da Ucrânia
A pandemia já deixou o ensinamento de que a logística global é sensível e pode sofrer com mudanças e rupturas repentinas. Em uma indústria global, que depende da importação de componentes, sistemas e até mesmo de produtos acabados, a guerra na Ucrânia tem potencial de trazer novos riscos.
Alta da inflação e impacto no PIB
Moraes apontou ter “grande preocupação” que, para combater o movimento, o Banco Central brasileiro eleve demais a Selic, taxa básica de juros. Segundo ele, um movimento assim impactaria negativamente uma aguardada recuperação do mercado no segundo semestre.
O executivo diz que é preciso calibrar a taxa de juros com muita atenção, já que a desvalorização da moeda vem acontecendo de forma estrutural por causa da pandemia, não por um movimento de demanda elevada.