Ter um carro próprio significa mais segurança, já que o carro se tornou barreira sanitária. A pandemia obrigou a população a viver em isolamento social e automaticamente as pessoas começaram a repensar seus próprios hábitos. A consequência foram mudanças nos padrões de consumo, que afetam também o setor automotivo.
Com medidas de isolamento decretadas, a baixa circulação de pessoas fez com que a economia ficasse estagnada. Contudo, o momento fez com que muitas empresas adotassem medidas que serão mantidas até mesmo após o fim do distanciamento social. Para reanimar um setor por completo, as empresas desse segmento devem estar atentas às tendências de consumo. Alguns padrões já chamaram a atenção, mas se aceleraram com a pandemia.
De que forma a crise por conta da covid-19 impactou o mercado automotivo?
A pandemia de coronavírus atingiu o mercado de reposição muito rapidamente. Tudo começou com a crise interna e de abastecimento da China, rapidamente se tornando a maior queda registrada na demanda global do mercado de reposição na história.
Os líderes do setor costumam dizer que o mercado de reposição é anticíclico e à prova de recessão. Porém, desta vez foi diferente. Houve um declínio repentino e drástico na mobilidade e no número de veículos circulando nas estradas. Quando um país está bloqueado, a mobilidade automóvel diminui cerca de 80%. Apesar desse impacto de curto prazo, o mercado de reposição se recuperou mais rápido do que as vendas de carros novos, para os quais a demanda será menor por um tempo, à medida que as pessoas economizam. Como resultado, o mercado de reposição será beneficiado à medida que a idade média dos veículos aumentar, o que significa mais reparos e manutenção.
Se durante a pandemia houve essa demanda, por que o mercado de automóveis foi um dos mais afetados?
No Brasil o setor automotivo vinha se recuperando desde 2018. Com a pandemia, a pausa na produção de veículos novos fez com que o mercado ficasse 28,6% abaixo do volume de vendas (nacionais e importados) no acumulado de 2020 em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Essa pausa levou à redução dos estoques nas concessionárias e foi associada à diminuição de renda ou insegurança dos possíveis compradores, seja pelo desemprego ou pela redução da jornada de trabalho.
Em contrapartida, com os baixos números do mercado de veículos novos, as mudanças de perfil e o comportamento da população impulsionaram fortemente a venda de carros usados. Além disso, como 40% dos veículos usados vendidos são financiados, a redução da taxa de juros aumentou o acesso ao crédito.
Segundo a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), o setor de carros seminovos e usados está em recuperação. Em dezembro, o volume de vendas foi 13,1% maior que o registrado em novembro e 23,6% maior em relação ao mesmo mês de 2019.
A indústria automotiva precisará repensar como opera e conduz os negócios no mundo pós-pandemia?
O caminho da indústria automotiva para digitalização já era certo, porém com a pandemia teve que acelerar esse processo. Estamos vendo uma transformação no comércio de automóveis online, junto com uma mudança na forma como os consumidores interagem com um showroom. As concessionárias atualizam sua presença digital e continuam vendendo carros mesmo durante este período. O planejamento de serviços da Web deve aumentar em 32%, enquanto as vendas online de peças devem aumentar em 64% em relação ao ano passado.
As lojas e distribuidores de peças de automóveis também estão observando um crescimento significativo no número de consumidores de e-commerce. Mesmo na cadeia de abastecimento, podemos ver como o distanciamento social criou a necessidade de automatizar e consolidar a produção para reduzir o risco de infecção.
Sabemos também que a indústria automotiva está se movendo em direção à eletrificação e à produção de veículos autônomos, e isso continuará, embora esteja ficando claro que os fabricantes optarão por apostar nas escolhas mais ecológicas e na eletrificação às custas de investimentos em direção autônoma no curto prazo. O passo em direção à sustentabilidade e à mobilidade mais ecológica não é conduzido apenas pelos consumidores, mas também pelos governos.
Em relação aos estoques, qual a previsão de estabilidade?
A paralisação da economia pela pandemia fez com que muitos fornecedores pequenos da indústria automotiva quebrassem, o que consequentemente sobrecarregou os demais fornecedores ficassem sobrecarregados e não conseguissem atender toda a demanda do mercado. Outro ponto crítico está relacionado ao abastecimento de semicondutores. Pode parecer que não, mas atualmente os carros possuem inúmeros componentes eletrônicos em sua construção.
E após as paradas produtivas causadas pela pandemia, os fornecedores de semicondutores ficam sem estoques para fornecer para todo o mercado, e acabaram priorizando os maiores compradores desses componentes que são as empresas que produzem equipamentos eletrônicos, como celulares, computadores, TVs entre outros. Assim, a indústria automotiva não teve sua demanda totalmente atendida. Vale ressaltar que os mercados asiático, europeu e norte-americano também devem ser abastecidos antes do Brasil.
No Brasil todas montadoras tiveram sua produção afetada por falta de componentes, algumas inclusive chegaram a paralisar totalmente suas linhas de produção justamente por não ter todos os componentes necessários para montar os carros. Segundo a Anfavea, o estoque de carros nas concessionárias é suficiente para apenas 13 dias. Esse é um número muito abaixo do normal e ocorre justamente pela baixa produção.
A Anfavea projeta a normalização dos estoques somente para o mês de dezembro, em vista que as linhas de produção dos fornecedores de semicondutores não serão otimizadas da noite para o dia.
Historicamente, a indústria nacional conseguiu se superar de forma acelerada nas últimas crises, resta saber se as montadoras vão atingir tal proeza perante uma das maiores e mais complexas crises da história moderna.
O que fazer durante esse período de incertezas?
Outro ponto crítico foi a disparada do dólar em relação ao real nos últimos meses. E toda essa variação ainda não foi repassada integralmente aos preços dos carros. Portanto, se você tem dinheiro e segurança para comprar um carro nesse momento, é muito provável que você tenha um preço significativamente menor agora do que daqui alguns meses.
Entretanto muitos modelos também estão em falta no mercado. Existe casos de modelos com fila de espera de mais de quatro meses, por isso pode ser que você também não encontre o carro que deseja. Mas sempre existem oportunidades no mercado, e na Karvi você encontra tanto modelos novos 0km como seminovos certificados que podem ser aquele que você busca para realizar uma compra segura e com o melhor preço.