Desde meados da década de 1990 se fala em rodízio veicular em São Paulo, a “capital econômica” do Brasil e uma das maiores cidades do mundo. Pouca gente sabe, mas a primeira razão não era o congestionamento, e sim questões climáticas.
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Tanto que mais recentemente, já em 2014, a prefeitura local aprovou uma lei que isenta carros 100% elétricos de cumprirem a medida restritiva. Mas não demorou até ela começar a ser aplicada também como modo de diminuir o megacongestionamento paulistano.
O mesmo vale para outros países. Aliás, é interessante notar que nem sempre o rodízio veicular é implantado como algo permanente. Ele já foi usado temporariamente em grandes cidades como Londres, Paris, Roma, Pequim e muitas outras.
Agora, para conhecer as cidades que aprovaram essa medida de modo permanente, bem como os motivos e medidas que influenciaram na decisão, basta seguir adiante!
São Paulo (Brasil)
Única cidade do Brasil a aderir o rodízio veicular, nela ele foi aprovado em 1997, pela Lei Municipal 12.490/1997. Sua abrangência inclui o famoso Centro Expandido (neste link do Google, em parceria com a CET, você visualiza o mapa atualizado e completo).
A escala paulistana é baseada no último dígito da placa do carro. Por exemplo, se seu carro termina com os dígitos 1 e 2,você estaria proibido de trafegar às segundas-feiras. A tabela completa é a seguinte:
- Dígitos 1 e 2: segunda-feira;
- Dígitos 3 e 4: terça-feira;
- Dígitos 5 e 6: quarta-feira;
- Dígitos 7 e 8: quinta-feira;
- Dígitos 9 e 0: sexta-feira.
Isso é aplicado em duas faixas de horário, primeiro das 7h às 10h, depois das 17h às 20h. Fora desses horários e aos fins de semana, todo carro é livre para circular, além de alguns feriados e fins de ano que também são livres.
É digno de nota que a lei se aplica a qualquer veículo, mesmo os que não tenham sido emplacadas em São Paulo e estejam apenas passando pela cidade.
As exceções lidam apenas com funções essenciais como transporte urbano, atendimento médico, produtos perecíveis e PCDs (Pessoas com Deficiência).
A violação da regra é considerada, pelo CTB (Código de Trânsito Brasileiro), uma infração média, que custa R$ 130,16 e 4 pontos na CNH do condutor.
Atualmente, o Detran.SP estima que São Paulo tenha uma frota veicular de mais de 24 milhões de carros e motos. São quase 8 veículos para cada 10 habitantes.
Pequim (China)
Que a China é um dos países mais populosos do mundo não é novidade para ninguém. O que poucos sabem é que o grande responsável pela implementação do rodízio veicular por lá foram as Olimpíadas de Pequim, em 2008.
À época, a capital chinesa aproveitou para combater a produção de gases poluentes, implantando a restrição nos 5 dias úteis da semana, tal como em São Paulo.
A multa prevista fica no valor de 200 iuanes (cerca de R$ 70,00). Atualmente, a cidade possui mais de 5 milhões de veículos, algo em torno de 1 veículo para cada 4 moradores.
Bogotá (Colômbia)
Falando em vizinhos nossos, esse é um dos casos mais significativos. Primeiro porque lá já não é apenas a capital que sofre com a medida, mas também Medellín.
Mas as regras do rodízio mudam conforme a cidade. Em Bogotá, placas que terminam com números pares não circulam em dias pares, o mesmo vale para números ímpares. Ou seja, dependendo da semana, um carro pode ficar até três dias sem transitar.
Aos fins de semana a circulação também é livre, mas o horário dos dias úteis é igualmente puxado: primeiro das 6h às 8h30, e depois das 15h às 19h30.
Santiago (Chile)
Para quem reclama do caso de São Paulo: o Chile entrou na fila quase dez anos antes, em 1986, implementando a medida restritiva em Santiago, capital do país.
Mas ali a preocupação maior sempre foi com a poluição, mais do que com o congestionamento. Tanto que o modelo é baseado no “selo verde”, sendo que os carros que contam com esse distintivo podem trafegar livremente.
A campanha ou exigência consiste na instalação do catalisador veicular, que ajuda a reduzir a toxicidade dos gases automotivos. Hoje estima-se que a maior parte da frota colombiana já conta com o dispositivo.
Circular sem o “selo verde” e fora da tabela custa uma multa de 63 mil pesos chilenos. Algo em torno de R$ 250,00.
Atenas (Grécia)
Que tal falar da Europa? Aliás, Atenas, capital da Grécia, foi a primeira a instituir o rodízio veicular não apenas no continente, mas no mundo todo, em 1979.
Lá o caso foi bem diferente do Chile: a preocupação era, quase que exclusivamente, com o petróleo, já que o país passava por uma crise tremenda nesse segmento.
A medida, que visava economizar combustível, ficou em teste por cerca de três anos, até que foi oficializada em 1982. Mas a essa altura já fazia parte da campanha diminuir também a poluição.
As exigências são tão severas quanto na Colômbia: placas terminadas em números pares só podem sair nos dias pares, e o mesmo com as ímpares. Ou melhor, são piores, pois o horário pega praticamente o dia todo.
De segunda a quinta-feira é das 7h às 20h, e às sextas-feiras das 7h às 15h. A multa também não ameniza a situação: são 200 euros, o que hoje custaria mais de mil reais.
Qual a consequência de tanta rigidez? Muitos dizem que a lei do rodízio meio que “não pegou” na Grécia, e que quando depende dos guardas de trânsito aplicar, eles fazem vista grossa. Mas, por via da dúvidas, seria melhor evitar, não é mesmo?!
Londres (Reino Unido)
Se a Grécia foi a primeira a implementar, o Reino Unido foi o primeiro a testar outro formato possível. Primeiro, precisamos dizer que ali a inspiração para o rodízio veicular veio do caso chinês, que implementou após as Olimpíadas.
Assim, nas Olímpiadas de Londres (2012) o governo tentou fazer o mesmo, mas simplesmente não funcionou. A razão é simples: é que desde 2003 eles já tinham outro sistema de controle de fluxo de veículos circulando.
Trata-se do pedágio urbano, que consiste em uma taxa de 10 libras (cerca de R$ 60,00), para poder trafegar no centro expandido da cidade. A regra também abrange praticamente o dia todo, das 7h às 18h.
Cidade do México (México)
Por fim, se Londres adotou uma medida diferenciada, México acabou se tornando um paradigma na história do rodízio veicular, que aliás está quase colocando em xeque essa medida restritiva.
Eles iniciaram a medida em 1989, na capital, a famosa Cidade do México. A medida passou por várias mudanças até hoje, sendo a mais significativa a de 2014, que visava a fomentação da compra de carros novos e menos poluentes.
Com isso, carros com apenas 8 anos de uso podem circular livremente, precisando apenas de um certificado de revisão para isso. Já os de 9 a 15 anos de uso perdem um dia útil da semana e dois sábados do mês. Sempre das 5h às 22h.
O que esse caso mostrou, contudo, foi que a tendência dessas medidas restritivas é fazer com que muitas famílias comprem um segundo carro, muitas vezes mais barato e, portanto, mecanicamente pior do que o primeiro.
O que no médio e longo prazo pode piorar o trânsito, tanto na quantidade quanto na qualidade dos veículos. Pois é. É de fazer parar pra pensar, não é verdade?