Citroen C4 Cactus 2022

Com porte mais baixo e achatado, o Citroën lembra um hatch, o que o distancia dos outros modelos do segmento que apostam em um design mais próximo de um SUV legítimo. Na dianteira ele é composto por três níveis de iluminação. O mais alto contempla apenas a luz de rodagem diurna, chamada de DRL. No intermediário é possível encontrar a luz de seta e também os faróis baixo e alto. Por último, na região mais inferior do parachoque há os faróis de neblina. Na lateral, além do destaque para o nome da versão estampado na coluna C, o modelo é equipado com o que a montadora chama de “Airbumps”, elementos na parte inferior da porta, que além do visual diferente, ajudam a proteger contra pequenas batidas. Já na traseira o destaque fica por conta da tampa do porta-malas com formato arredondado, do para-choque com vincos pronunciados e pela luz de lanterna em LED, disponível em todas as versões.

Com exceção da versão Shine Pack, todas utilizam o mesmo conjunto mecânico, composto pelo 1.6 VTI 120, motor flex e aspirado que rende potência de 118cv com etanol e 115cv com gasolina, a 5.750rpm. Atualmente não há oferta de câmbio manual, portanto a transmissão é sempre automática de 6 velocidades. O torque máximo é de 16,1 kgfm com ambos os combustíveis, entregues aos 4.750rpm com etanol e 4.000rpm com gasolina. Em versão única, a outra opção de powertrain é composta pelo motor 1.6 THP turbo flex, e pelo câmbio automático de também 6 marchas. Ele rende até 173cv com etanol, caindo para 166cv se estiver abastecido com gasolina, sempre aos 6.000rpm. O torque atinge 24,5 kgfm a apenas 1.400rpm.

Quando equipado com o motor 1.6 aspirado e com etanol no tanque, seu 0 a 100 km/h é feito em 12s, ficando apenas 0,1s mais lento com gasolina. A velocidade máxima é cravada em 190 km/h e 185 km/h, respectivamente. Entregando desempenho muito melhor com o motor 1.6 THP, são apenas 7,7s para chegar aos 100 km/h, ou então 8s se abastecido com gasolina. Já a velocidade máxima alcança os 212 km/h. Esses números são muito bons! O consumo com motor aspirado fica dentro da média, apesar de não estar entre os melhores. Em ciclo urbano são 7,3 km/l com etanol e 10,4 km/l com gasolina. Em percurso rodoviário os números são 9,1 km/l e 13 km/l. Configurado com o motor turbo, na cidade ele faz 7,2 km/l com etanol e 10,4 km/l com gasolina. Na estrada são 8,9 km/l e 12,6 km/l, respectivamente.

O conjunto de suspensão usa sistema independente na dianteira e eixo de torção na traseira. Ela é bem acertada para o conforto, mas sem prejudicar a dinâmica esportiva. Os freios a disco nas quatro rodas estão disponíveis apenas na versão de topo, já que as outras ainda utilizam freios a tambor na parte de trás. A altura livre em relação ao solo é de 22,5cm, número bom entre o segmento de crossovers compactos. O ângulo de entrada fica em 22°, enquanto o de saída é de 32°. Na variante mais cara, o C4 Cactus entrega um seletor de modos de condução, que o ajuda a transitar em um leve fora de estrada. Os modos de condução são: Normal, neve, lama, areia e controle de estabilidade off.

Assim como no lado de fora, o interior possui design mais ousado e com formas arredondadas, construídas com revestimento em plástico duro ou emborrachado. Apesar de um entre-eixos com tamanho comum no mercado (2,60m), o C4 Cactus oferece um bom espaço interno para as pernas, mas ao mesmo tempo não entrega um espaço muito primoroso em altura e largura. O porta-malas comporta até 320L, o que é cerca de apenas 20L a mais que um hatch compacto, o que acaba se tornando um ponto negativo do modelo.

A versão inicial Live 1.6 Automática traz de série, DRL e lanterna traseira em LED, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, retrovisores elétricos com repetidores de seta, ar-condicionado manual, câmera de ré, piloto automático com limitador de velocidade, regulagem de altura e profundidade do volante, volante multifuncional, regulagem de altura para o banco do motorista, painel de instrumentos digital e central multimídia de 7” com Android Auto e Apple CarPlay. Em seguida existe a versão que é uma série especial limitada em 600 unidades X-Series 1.6 Automática. Essa versão traz os mesmos equipamentos da versão Live com o acréscimo de detalhes externos na cor bronze, logotipos da versão, rodas de liga leve de 16” na cor preta, bancos com costuras na cor bronze, e volante revestido em couro. Na Feel 1.6 Automática, é adicionado faróis de neblina, sensor de pressão dos pneus e rodas de liga-leve R17. A série especial Rip Curl 1.6 Automática adiciona além dos elementos personalizados com a marca, chave presencial com partida por botão, sensor crepuscular, ar-condicionado digital, bancos e volante em couro e sensor de chuva. Em relação a versão Feel, a configuração Feel Pack 1.6 Automática acrescenta sensor crepuscular, 4 airbags, sensor de chuva, chave presencial, ar-condicionado digital e volante em couro. A opção de topo Shine Pack 1.6 THP Automática ainda inclui 6 airbags, modos de condução, alerta de saída de faixa, sensor de fadiga, alerta de colisão com frenagem automática de emergência e bancos em couro.

Apesar da tentativa de trazer um painel digital como alguns concorrentes, a Citroën acabou criando um painel de instrumentos pouco intuitivo, com poucas informações e colocadas de forma que não facilitam a boa visualização. A central multimídia é sensível ao toque e possui tela de 7”, mas não entrega GPS nativo. Os sistemas de Android Auto e Apple CarPlay estão disponíveis, mas ainda por cabo. Há somente dois botões físicos na central, o primeiro para controlar o volume da mídia e o segundo para acessar as configurações do ar-condicionado, que obrigatoriamente precisam ser feitas através da tela.

A versão mais cara engloba bons itens de segurança, como 6 airbags e sistemas semi-autônomos de condução, a exemplo do alerta de saída de faixa e da frenagem automática de emergência. Entretanto, a maioria das versões oferecem apenas 2 airbags (que são obrigatórios por lei), e controles de estabilidade e tração. Com exceção da alternativa Shine Pack, as outras deveriam trazer mais itens de segurança como mais airbags e sensor de ponto cego, por exemplo.

Mesmo tendo o motor mais potente do segmento atualmente, as vendas do C4 Cactus não são altas, provavelmente devido primeiramente ao seu porte, que está mais para hatch do que para SUV. Apesar de ser referência em desempenho, o motor 1.6 THP está disponível somente na versão Shine Pack, a mais cara de todas elas. Outro ponto negativo é que mesmo sendo a opção de topo, ela ainda não entrega alguns itens como freio de estacionamento eletrônico, teto-solar, sensor de ponto cego, controle de cruzeiro adaptativo, entre outros. Podemos concluir que o representante da Citroën é uma boa opção no mercado atual, mas ainda precisa de argumentos mais fortes para convencer o público dos rivais.